segunda-feira, 17 de setembro de 2012

NEO PAGANISMO, VISÃO CATÓLICA


Wicca e Neo Paganismo Celta

Os adeptos da Wicca e do Neo Paganismo proclamam que suas tradições são as mesmas da antiga religião celta, pré-cristã, das ilhas britânicas.


Apesar de que, em todos os povos, certas tradições antigas passarem de geração em geração muitas vezes sob a forma de folclore, algumas destas tais tradições alegadamente remanescentes da cultura celta, invocadas principalmente pelos praticantes da Wicca, são a reconstituição de termos, noções e práticas do chamado período europeu de caça às bruxas europeu, que basicamente ocorreu entre os séculos XV e XVII, e não tem relação direta com as religiões anteriores ao catolicismo.

De acordo com o historiador inglês, Ronald Hutton, que nutre certa simpatia pelo paganismo, a origem do neo paganismo bretão remonta ao século 19, como disse em uma entrevista ao programa Radio National Americana, no dia 17 de julho de 2001, à repórter Rachael Kohn, e que está transcrita no site http://www.abc.net.au/rn/relig/spirit/stories/s313218.htm:

“HUTTON: (...) O que acontece na Inglaterra no século 20 é que as pessoas tentam pular 1000 anos de fé cristã de forma a tirar idéias de mundos antigos, especificamente para os tempos atuais, para o feminismo, a preocupação ecológica, e de crescimento individual.

KOHN: Então você está dizendo que o movimento neopagão atual deve suas origens ao ano 1000, ou seja, à Idade Média?

HUTTON: Eu digo que o movimento pagão moderno deve suas origem aos últimos 200 anos. Você pode começar a notar que as raízes das mesmas idéias citadas acima começaram no movimento Romântico de cerca do ano 1800 onde muitos dos impulsos emocionais e necessidades que produziram o paganismo moderno estavam aparecendo rapidamente.”

Os princípios básicos da Wicca, ou bruxaria moderna, são creditados a Gerald Gardner, na década de 1940, na Grã-Bretanha. Foi este mesmo que proclamou que a Wicca provém de uma religião celta ancestral que sobreviveu ao cristianismo, e que ele fora iniciado por uma família de bruxos. Tal mitologia é muito arraigada entre os seguidores dos cultos neopagãos, tanto que é largamente difundida em seus livros (vide Raymond Buckland, Wicca. Um Estilo de Vida, Religião e Arte, Ed. Nova Era, 2a. edição,2003, pags. 21 e 22), e popularizados no cinema e na literatura, pela na série Brumas de Avalon, de Marion Zimmer Bradley, e nos livros de Harry Potter, de J. K. Rowling.

Mas hoje isto é largamente contestado por estudiosos do assunto, e mesmo por estudiosos neopagãos. Segundo o recém lançado livro, Voices from the Pagan Census, A National Survey of Witches and Neo-Pagans in the United States, um trabalho de pesquisa e análise de dados conduzidos por Helen Berger, Evan Leach e Leigh Shaffer:

“Os estudiosos do assunto não encontraram evidências para apoiar a noção de que há uma ligação contínua entre religiões pagãs européias e as modernas práticas neopagãs. A noção da Wicca ser uma religião antiga – ou a religião antiga – faz parte da mitologia desta nova religião” (Berger, Leach & Shaffer, Voices of the Pagan Census, University of South Carolina Press, p. 8).

Portanto, é falsa a noção de que as modernas religiões neopagãs sejam descendentes diretas da religiões européias antes da difusão do cristianismo.

Os adeptos da Wicca, que é sem dúvida o maior e mais importante religião Neo Pagã, alegam que suas tradições, rituais e magias, têm vínculo direto com os antigos homens e mulheres “habilidosos”, comuns na Inglaterra do século XIX, que realizavam ‘curas mágicas’, achavam objetos perdidos, etc. (algo similar às populares benzedeiras, que ainda encontramos em algumas cidades do interior no Brasil). Porém:

“Baseado em pesquisa extensiva de folcloristas, Hutton concluiu que as mulheres e homens ‘habilidosos’ que realizavam mágicas para curar, achar objetos perdidos, ou garantir uma boa colheita eram comuns na Inglaterra em todo século XIX. Tais indivíduos eram todos cristãos que iam à igreja e não se consideravam praticantes de uma religião alternativa” (Berger, Leach & Shaffer, Voices of the Pagan Census, University of South Carolina Press, p.11).

Ronald Hutton atribui uma certa maternidade da Wicca a Margaret Murrey, uma egiptologista e folclorista, que criou o mito de que um coven de bruxas secreto sobreviveu ao julgamento e à caça às bruxas no início da idade moderna, e fomentou a crença de que a antiga religião celta cultuava um deus da caça e uma deusa da fertilidade.

Ainda segundo Hutton, o pai da Wicca seria Aleister Crowley, um ocultista famoso do final do século XIX e princípio do século XX, que apresentou um sistema de magia codificado, especialmente magia sexual. Segundo Crowley, mágica é “a arte ou ciência de causar mudanças de acordo com a vontade”, uma definição que é comumente utilizadas pelos círculos neopagãos.

Talvez a raiz mais profunda do neo paganismo moderno seja mesmo o movimento romântico do início do século XIX. Como forma de contraposição à sociedade racionalista moderna, o romantismo tinha as sociedades pagãs como mais puras e autênticas. Com a literatura romântica, o paganismo clássico se tornou objeto de estudo, tonando-se o deus pagão Pan uma figura importante na literatura romântica. O gnosticismo do romantismo acabou fazendo com que a religiosidade gnóstica do oriente começasse a penetrar nos círculos elitistas da sociedade, abrindo-se assim o caminho para Madame Blavatsky e sua sociedade teosófica, que procurava compatibilizar uma pseudo ciência com a filosofia e religiosidade orientais.

E a Teosofia, juntamente com o ritualismo maçônico, deu origem à sociedade Golden Dawn, cujas práticas ritualística foram em boa parte incorporadas pela Wicca, e adotadas pelos Neo Pagãos.

fonte; www.montfort.org.br

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