segunda-feira, 17 de setembro de 2012

BENZEDEIRAS INGLESAS E WICCA

Os adeptos da Wicca, que é sem dúvida o maior e mais importante religião Neo Pagã, alegam que suas tradições, rituais e magias, têm vínculo direto com os antigos homens e mulheres “habilidosos”, comuns na Inglaterra do século XIX, que realizavam ‘curas mágicas’, achavam objetos perdidos, etc. (algo similar às populares benzedeiras, que ainda encontramos em algumas cidades do interior no Brasil). Porém:

“Baseado em pesquisa extensiva de folcloristas, Hutton concluiu que as mulheres e homens ‘habilidosos’ que realizavam mágicas para curar, achar objetos perdidos, ou garantir uma boa colheita eram comuns na Inglaterra em todo século XIX. Tais indivíduos eram todos cristãos que iam à igreja e não se consideravam praticantes de uma religião alternativa” (Berger, Leach & Shaffer, Voices of the Pagan Census, University of South Carolina Press, p.11).


observemos que a prática de wicca não é ¨original¨ no sentido mitológico, é algo ¨artificial¨ e inventado por Gardner. Na Inglaterra e em outros locais da Europa, inclusive em Portugal e Espanha, vamos encontrar dessas mulheres ¨habilidosas¨ que não eram necessariamente pagãs( no sentido de não serem católicas).

Na Península Ibérica, esse conhecimento teve infuencia da Magia de São Cipriano e do catolicismo popular intrincado nos saberes do que chamaríamos de ¨benzimentos de dulia¨.

  Ou seja, uma Magia Vernácula presente e que chegou no Brasil. Acontece que em Portugal não apareceu nenhum autor como Gardner que recolheu esse conhecimento e o ¨neopaganizou¨.
  No entanto, esses saberes populares ibéricos também são provenientes de antigas fontes celtas(celtiberos) mesclados regionalmente com outras culturas(árabe, cigana, euromediterraneas).

  Por sua vez, esse ¨caldo¨ foi transplantado para a América Latina continuando um processo multietnico e plural. No Nordeste do Brasil, esse caldo foi uma das raízes do Catimbó primário(hoje praticamente extinto)
e depois influenciou os cultos afros.
Camara Cascudo registrou no seu livro ¨Meleagro¨ sobre isso.

Essa é uma forte raiz da Dulia de Azenha Galega.
 

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